terça-feira, 14 de junho de 2011

Empresário ciclista morre atropelado e reabre debate sobre bicicleta no trânsito

O empresário e ciclista Antonio Bertolucci, de 68 anos, morreu ontem após ser atropelado por um ônibus em uma alça de acesso da Avenida Paulo VI - continuação da Avenida Sumaré, na zona oeste de São Paulo. Bertolucci era acionista e presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti, um dos principais fabricantes de duchas e chuveiros do País.
O ciclista chegou a ser levado ao Hospital das Clínicas, mas morreu após dar entrada, às 9h36. O acidente - que reacendeu a discussão sobre a convivência entre carros e bicicletas na capital - ocorreu quando Bertolucci passava ao lado da Praça Caetano Fraccaroli.
O empresário repetia seu passeio diário há vários anos. Após sair de uma bicicletaria na Rua Arruda Alvim, em Pinheiros, desceu a Rua Galeno de Almeida e virou à direita na alça de acesso da Paulo VI. Nesse momento, segundo testemunhas, perdeu o equilíbrio e caiu. Segundo o boletim de ocorrência, um ônibus de turismo trafegava ao lado e a roda direita o atropelou.
O motorista disse à polícia que o ciclista estava em seu 'ponto cego' e, por isso, só notou o atropelamento quando ouviu o barulho e viu pelo retrovisor o corpo caído. De acordo com a família do empresário, o coletivo estaria andando em alta velocidade e não teria respeitado o Código de Trânsito Brasileiro. No Artigo 201, ele diz que nenhum veículo automotor poderá ultrapassar ciclistas se estiver a menos de 1,5 metro de sua lateral. 'Acreditamos que essa regra não tenha sido respeitada', disse Rogério Bertolucci, de 42 anos, um dos seis filhos do empresário.
Para o diretor da associação Ciclocidade, Thiago Benicchio, de 32 anos, não há só o desrespeito à regra, mas também uma 'impaciência dos motoristas'. 'Eles vão até o limite, antes de bater, e depois recuam. Só que no ciclista não batem, passam por cima.' Benicchio defende, além de ciclovias, o compartilhamento das ruas. 'Se tivermos mil quilômetros de ciclovia, sempre haverá milhares de ruas sem elas.'
Para o professor da USP Jaime Waisman, a cidade hoje não é para bicicleta e a solução não está em um artigo da lei. 'Não adianta ter lei se não tem fiscalização. Faltam outros princípios básicos: não há sinalização nem educação. Em São Paulo é inviável compartilhar carro e bicicleta.'
O músico Leandro Valverdes, de 32 anos, usuário de bicicleta há dez, discorda e entende que a cidade precisa se adequar. 'Também morrem muitos pedestres e precisamos mudar a situação.'
A polícia vai investigar as circunstâncias da morte de Bertolucci e abrir inquérito por homicídio culposo. A família do empresário disse que vai processar a empresa de ônibus e usará o dinheiro da indenização para a causa dos ciclistas paulistanos. O Estado telefonou várias vezes à empresa, mas não conseguiu falar com os responsáveis.

Ciclistas promovem ato após morte de executivo em São Paulo

Antonio Bertolucci, da Lorenzetti, foi atropelado por um ônibus

Após a morte do executivo Antonio Bertolucci, presidente do Conselho Administrativo da Lorenzetti, um grupo de ciclistas promoveu na noite desta segunda-feira (13) uma manifestação na Avenida Sumaré, Zona Oeste de São Paulo, onde ocorreu o acidente. Bertolucci, que tinha 68 anos, andava de bicicleta pela manhã quando foi atingido por um ônibus de turismo.
Parentes e amigos também participaram do ato. Eles colocaram cartazes homenageando o executivo e cobrando dos motoristas o cumprimento da lei que determina 1,5 metro de distância de ciclistas. Também depositaram coroas de flores e acenderam velas no local do acidente.

Nas declarações, os familiares do empresário não conseguiam conter a emoção. "Ele tinha 68 anos e muita sede de viver. Estamos aqui para questionar: 'Até quando isso vai acontecer?' As pessoas não têm respeito por nada, por ninguém. Ele era italiano, amava andar de bicicleta, amava as pessoas, amava os pedestres, e não foi respeitado", disse Flávia Bertolucci, nora do empresário.

Adeptos da bicicleta como meio de transporte compareceram para prestar solidariedade à família. "A gente sempre se comunica pela internet e nos sentimos feridos pelo que aconteceu aqui na Sumaré. Estamos pedindo respeito aos ciclistas. O motorista tem de respeitar a distância mínima de 1,5 m do ciclista, como determina o Código de Trânsito. Além disso, o poder público tem de fazer campanhas de conscientização", afirmou Felipe Aragonês, do Instituto Ciclo BR de Fomento e Mobilidade Sustentável.

A via teve de ser interditada durante o ato. Ciclistas aproveitaram para pintar o chão, sinalizando a passagem de bicicletas no local. Depois, bloquearam a Avenida Sumaré em um dos sentidos. Houve lentidão no trânsito, até a PM liberar paulatinamente as faixas.

Uma bicicleta pintada de branco (chamada de 'ghost bike') foi pendurada em um semáforo para representar a morte.
Quarenta e nove ciclistas morreram na capital no ano passado, mais de dois por mês, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Em nota, a Silvetur, dona do ônibus, disse que lamenta o acidente e que apura os fatos.

Um comentário:

  1. Uso bicicleta como meio de transporte há mais de 20 anos, mas é tambem meu lazer, meu relaxamento, minha academia e minha fonte de saúde física e mental. É muito triste e medonho qualquer notícia sobre acidentes com ciclistas. Cada um de nós é menos um carro nas ruas, poluindo, congestionando e atropelando. Assim como todos os ciclistas, me solidarizo com a familia Lorenzetti e todas as familias que tiveram seus ciclistas mortos pelos imbecis que estão soltos no transito.

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